Quando você decide registrar uma marca, um dos primeiros desafios é entender em qual “classe” ela deve ser enquadrada no INPI. Esse passo, embora pareça apenas um detalhe burocrático, é um dos mais importantes de todo o processo e também um dos que mais geram dúvidas e erros. É aqui que entra a Classificação de Nice, um sistema internacional que organiza todas as marcas do mundo em 45 categorias de produtos e serviços.
Pense na Classificação de Nice como as seções de um supermercado. Cada corredor representa uma área diferente do mercado: o corredor de roupas, o de alimentos, o de cosméticos, o de tecnologia e assim por diante.
Registrar sua marca na Classe 25 (vestuário), por exemplo, é como garantir a exclusividade do seu nome no corredor de roupas. Isso não impede, porém, que outra empresa use o mesmo nome no corredor de alimentos (ou seja, em outra classe).
Essa divisão é o que permite ao INPI e a outros órgãos de propriedade intelectual organizar, comparar e proteger marcas de maneira justa, evitando conflitos desnecessários entre empresas que atuam em setores completamente distintos. Sem ela, seria praticamente impossível diferenciar marcas que coexistem pacificamente em segmentos diferentes do mercado.
Mas entender as classes da Classificação de Nice vai muito além de um simples requisito técnico. É uma decisão estratégica que influencia diretamente o nível de proteção da sua marca e pode determinar o sucesso (ou o fracasso) do seu registro. Escolher a classe errada pode deixar sua marca sem proteção real, mesmo que o registro seja aprovado.
Neste guia completo, você vai descobrir o que é a Classificação de Nice, como ela funciona na prática, como escolher a classe correta e, principalmente, como essa escolha impacta a segurança e o valor da sua marca. Vamos te ajudar a entender o sistema com exemplos, analogias e dicas práticas para que você registre sua marca com confiança e proteção total.
O que é a Classificação de Nice?
A Classificação de Nice é um sistema internacional criado para organizar marcas conforme o tipo de produto ou serviço que elas representam. Ela foi estabelecida em 1957, durante o Acordo de Nice, um tratado internacional administrado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), sendo usada por mais de 80 países, incluindo o Brasil, por meio do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
Na prática, a Classificação de Nice funciona como um catálogo global de categorias. Ela divide o universo de marcas em 45 classes, sendo 34 voltadas para produtos e 11 para serviços. Cada uma dessas classes agrupa atividades e itens semelhantes, facilitando a análise e o registro de marcas que atuam em diferentes setores.
Por exemplo:
- A Classe 3 inclui cosméticos, perfumes e produtos de higiene;
- A Classe 25 é voltada a roupas, calçados e acessórios;
- A Classe 35 abrange serviços de marketing, comércio e gestão de negócios.
Assim, quando você registra uma marca no INPI, é necessário indicar em qual classe ela se enquadra. Isso define o alcance da proteção legal: o registro vale somente para os produtos ou serviços daquela classe.
É importante entender que a Classificação de Nice não serve apenas para o Brasil; ela é padrão no mundo todo, tornando o processo de registro mais coerente e comparável entre diferentes países. Por isso, marcas globais como Nike, Apple ou Nestlé também utilizam essa mesma estrutura para proteger seus nomes em diferentes regiões e segmentos.
Em resumo, a Classificação de Nice é a base da organização do sistema de marcas. Sem ela, não haveria como distinguir registros de setores distintos nem como garantir uma análise justa entre pedidos de marcas parecidas. Compreendê-la é o primeiro passo para fazer um registro estratégico e eficaz e para garantir que a proteção da sua marca realmente funcione no mercado em que você atua.
Para que a Classificação de Nice serve na prática?
Saber o que é a Classificação de Nice é o primeiro passo. Mas entender para que ela serve na prática é o que realmente ajuda a fazer um registro de marca estratégico e evitar problemas futuros.
A Classificação de Nice tem uma função essencial: organizar e padronizar o registro de marcas em todo o mundo. Cada classe representa um conjunto específico de produtos ou serviços, e o INPI usa essa estrutura para avaliar se uma marca pode ser registrada e em quais áreas ela terá exclusividade.
Imagine o seguinte cenário: Você tem uma marca de roupas chamada Solare e a registra na Classe 25 (vestuário). Mais tarde, uma empresa de cosméticos também quer usar o nome Solare para uma linha de cremes. Como cosméticos pertencem à Classe 3, o INPI permite o registro; afinal, as duas marcas atuam em segmentos diferentes.
É aqui que a Classificação de Nice faz toda a diferença: ela permite a coexistência de marcas semelhantes, desde que não causem confusão ao consumidor por pertencerem a classes distintas. Isso evita disputas desnecessárias e garante equilíbrio entre proteção e liberdade de uso.
Além disso, o sistema facilita o trabalho de pesquisa de anterioridade, ou seja, verificar se já existe uma marca igual ou parecida registrada na mesma classe. Essa etapa é fundamental antes de enviar um pedido ao INPI e pode poupar tempo e dinheiro.
Outro ponto prático é o planejamento de expansão da marca. Uma empresa que começa vendendo roupas (Classe 25) e depois lança uma linha de cosméticos precisará registrar também na Classe 3, garantindo proteção para a nova categoria. Assim, entender a Classificação de Nice ajuda a prever os próximos passos e proteger a marca de forma mais ampla.
Em resumo, a Classificação de Nice serve para:
- Definir onde sua marca será protegida;
- Evitar conflitos entre empresas de setores diferentes;
- Facilitar buscas e análises no INPI;
- Ajudar na estratégia de expansão e diversificação do negócio.
Saber aplicá-la corretamente é o que transforma um simples registro em uma proteção sólida e inteligente; e isso começa por entender a estrutura das classes.
A estrutura: as 45 classes de produtos e serviços
A Classificação de Nice é composta por 45 classes, divididas em dois grandes grupos: 34 classes de produtos e 11 classes de serviços. Essa estrutura é o que permite que cada marca seja categorizada com precisão, conforme o que realmente oferece ao mercado.
A ideia é simples: toda atividade comercial pode ser enquadrada em pelo menos uma dessas classes. Ao registrar sua marca, você deve indicar qual (ou quais) delas melhor representam seus produtos ou serviços. Essa escolha determinará onde o INPI vai avaliar sua exclusividade e, consequentemente, onde sua marca estará protegida.
Classes de Produtos (1 a 34)
As classes de 1 a 34 abrangem tudo o que é fabricado, produzido, vendido ou embalado como bem físico. Aqui entram desde matérias-primas e produtos industriais até itens de consumo cotidiano.
Alguns exemplos:
- Classe 3: cosméticos, perfumes e produtos de limpeza;
- Classe 9: softwares, equipamentos tecnológicos e eletrônicos;
- Classe 25: roupas, calçados e acessórios;
- Classe 30: alimentos, cafés e produtos de panificação.
Cada classe possui uma descrição detalhada e notas explicativas que ajudam a identificar exatamente o que pode ser incluído nela. Essa etapa é essencial para evitar erros; afinal, um simples equívoco na classe pode deixar a marca desprotegida.
Dica: Consulte a lista completa das classes do INPI para entender melhor onde o seu negócio se encaixa.
Classes de Serviços (35 a 45)
Já as classes de 35 a 45 são voltadas para atividades de prestação de serviços. Elas contemplam desde comércio, consultoria e marketing até educação, tecnologia e entretenimento.
Alguns exemplos:
- Classe 35: publicidade, marketing e gestão de negócios;
- Classe 41: educação, cursos e eventos;
- Classe 42: tecnologia, design e pesquisa científica.
Essas classes são especialmente importantes para empresas digitais, agências, escolas e startups, que vendem conhecimento, experiência ou serviços, e não produtos físicos.
Com essa base, já é possível compreender onde sua marca se encaixa e como a escolha da classe impacta diretamente a proteção do seu registro, assunto do próximo tópico.
Como a Classificação de Nice impacta a proteção da sua marca
Registrar uma marca é, antes de tudo, garantir exclusividade de uso. Mas o que muita gente não sabe é que essa exclusividade não é absoluta; ela depende diretamente da classe na qual a marca foi registrada. E é justamente aí que a Classificação de Nice tem impacto decisivo na proteção jurídica do seu negócio.
O sistema se baseia em um conceito chamado Princípio da Especialidade. De forma simples, esse princípio diz que a proteção de uma marca vale somente dentro da(s) classe(s) em que ela está registrada. Em outras palavras: o registro garante exclusividade apenas no segmento na qual a empresa atua, e não em todos os setores do mercado.
Vamos a um exemplo prático. Imagine que você registre a marca “Floratta” na Classe 25, que abrange roupas, calçados e acessórios. Isso impede que outra empresa use o mesmo nome para vender produtos de moda; mas não impede que uma marca de cosméticos (Classe 3) também se chame “Floratta”, desde que não gere confusão para o consumidor.
Essa é uma das razões pelas quais existem marcas com o mesmo nome em setores completamente diferentes. É o sistema da Classificação de Nice que permite essa coexistência, evitando disputas desnecessárias e garantindo que cada empresa tenha proteção somente no seu “território comercial”.
Voltando à analogia: pense nas classes como os corredores de um supermercado. Registrar sua marca é como colocar uma placa de “propriedade exclusiva” em um desses corredores. Você domina aquele espaço, mas não tem direito sobre os demais.
Por isso, escolher a classe correta é uma decisão estratégica. Se você escolher uma classe errada, pode acabar sem proteção no mercado onde realmente atua, abrindo brecha para que concorrentes usem o mesmo nome legalmente.
Além disso, registrar em mais de uma classe pode ser essencial para empresas que oferecem diferentes tipos de produtos ou serviços. Assim, você amplia o escopo de proteção e evita problemas no futuro.
Em resumo: a Classificação de Nice define onde sua marca é protegida, contra quem e em que condições. Compreender esse impacto é o que separa um registro simbólico de uma proteção realmente eficaz.
Como encontrar a classe adequada para sua marca
Saber qual é a classe apropriada para registrar sua marca é um dos passos mais importantes e, ao mesmo tempo, um dos mais delicados, de todo o processo no INPI. Um simples erro de enquadramento pode fazer com que o registro não proteja sua marca onde realmente importa, obrigando você a reiniciar o processo e pagar novamente todas as taxas.
Por isso, é fundamental entender como identificar corretamente a(s) classe(s) que representam seu negócio. A boa notícia é que, com um pouco de método, é possível fazer isso de forma segura e estratégica.
Passo a passo para encontrar a classe ideal
- Analise o que você realmente oferece.
Antes de qualquer pesquisa, descreva o que a sua marca vende ou faz. É um produto físico? Um serviço? Ambos? Essa resposta já direciona se você deve buscar entre as classes de produtos (1 a 34) ou de serviços (35 a 45). - Consulte o Classificador de Nice do INPI.
O INPI disponibiliza uma ferramenta gratuita chamada Classificador de Produtos e Serviços, baseada na Classificação de Nice. Lá, você pode digitar palavras-chave relacionadas ao seu negócio (como “cosméticos”, “consultoria”, “vestuário”) e ver em quais classes elas aparecem. - Leia as notas explicativas.
Cada classe tem uma descrição detalhada e uma lista de inclusões e exclusões. Ler essas notas é essencial para evitar confusões; por exemplo, “consultoria de moda” (serviço) pertence à Classe 35, enquanto “roupas” (produto) está na Classe 25. - Avalie se há necessidade de múltiplas classes.
Se sua empresa oferece produtos e serviços diferentes, talvez seja preciso registrar em mais de uma classe. Isso é comum, por exemplo, em marcas que vendem produtos físicos e também prestam serviços digitais ou educacionais. - Busque orientação profissional.
Mesmo com essas informações, é natural ter dúvidas. Nesse caso, o ideal é contar com o suporte de um especialista em registro de marcas. Profissionais experientes conseguem analisar sua atividade, prever futuras expansões e garantir que todas as classes relevantes sejam incluídas desde o início.
Dica: errar na escolha da classe é como colocar a placa da sua loja no corredor errado do supermercado; ninguém vai te encontrar, e sua marca fica desprotegida.
Encontrar a classe certa é o que garante que sua marca seja reconhecida e protegida no mercado certo, com segurança jurídica e tranquilidade para crescer.
Perguntas frequentes sobre a Classificação de Nice
Mesmo com uma explicação detalhada, é natural que algumas dúvidas ainda fiquem no ar. Afinal, o sistema da Classificação de Nice envolve termos técnicos e decisões estratégicas que nem sempre são intuitivas.
A seguir, respondemos às principais perguntas de quem está se preparando para registrar uma marca no INPI.
Posso registrar minha marca em mais de uma classe?
Sim; e, em muitos casos, isso é altamente recomendado. Você pode registrar sua marca em quantas classes forem necessárias, caso tenha relação com os produtos ou serviços que pretende oferecer.
Por exemplo, imagine uma empresa que fabrica roupas (Classe 25) e também oferece consultoria de imagem (Classe 35). São atividades distintas, em classes diferentes, mas que fazem parte do mesmo negócio. Registrar apenas em uma delas deixaria parte da atuação sem proteção.
Registrar em múltiplas classes amplia o alcance da proteção e evita que outras empresas usem o mesmo nome em segmentos complementares ao seu. É uma estratégia comum entre marcas em expansão.
O que acontece se eu escolher a classe errada?
Esse é um dos erros mais comuns e também um dos mais sérios.
Se você registrar sua marca em uma classe que não representa corretamente sua atividade, o registro pode até ser concedido, mas não garantirá proteção real.
Isso significa que, caso alguém use o mesmo nome na área em que você realmente atua, o INPI pode entender que não há conflito, já que sua marca está registrada em outro segmento.
Em alguns casos, é possível corrigir o erro com um novo pedido de registro, mas isso implica pagar novamente todas as taxas e recomeçar o processo do zero. Por isso, é fundamental definir a classe certa desde o início.
As classes mudam com o tempo?
Sim. A Classificação de Nice é atualizada periodicamente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), para acompanhar as transformações do mercado e o surgimento de novas atividades econômicas.
Essas atualizações são incorporadas ao sistema do INPI, garantindo que o cadastro de marcas reflita a realidade dos negócios modernos. Por isso, se você registrou sua marca há alguns anos e pretende ampliá-la ou atualizar o portfólio, pode ser interessante rever a classificação.
Preciso de um especialista para escolher minha classe?
Não é obrigatório, mas é altamente recomendável. O processo de registro envolve detalhes técnicos que vão além da simples escolha de uma categoria. Um especialista analisa não só o que sua empresa faz hoje, mas também seus planos de crescimento, mercados relacionados e riscos de colisão com outras marcas.
Além disso, profissionais da área têm acesso a bases de pesquisa e experiência prática com o INPI, reduzindo muito as chances de erro.
Com essas respostas, você já tem uma visão mais clara sobre as dúvidas mais frequentes do processo. No próximo tópico, vamos reunir tudo o que vimos até aqui e mostrar por que escolher a classe certa é o primeiro passo para garantir a verdadeira proteção da sua marca.
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Registrar uma marca não é somente preencher um formulário no INPI. É proteger o resultado do seu trabalho, o valor do seu nome e a confiança que você construiu com seus clientes. E para que essa proteção realmente funcione, a escolha da classe correta é o ponto de partida.
A Classificação de Nice existe para dar ordem e clareza a esse processo. Ela define onde e contra quem sua marca será protegida. No entanto, é justamente aí que muitos empreendedores acabam errando: escolhem uma classe que “parece” adequada, mas que, na prática, não corresponde à realidade do negócio. O resultado? Um registro que não protege de verdade e, em alguns casos, precisa ser refeito do zero.
Pense na classe como o território onde sua marca reina. Escolher o território errado é como erguer um castelo em um terreno que não te pertence. Ele até pode ficar bonito, mas estará vulnerável.
Por isso, entender e aplicar corretamente a Classificação de Nice é muito mais do que uma formalidade. É uma decisão estratégica que garante a segurança jurídica da sua marca e evita dores de cabeça no futuro.
Se você ainda tem dúvidas sobre qual classe escolher ou quer garantir que seu registro seja feito da forma certa, não precisa enfrentar isso sozinho. A equipe da Move On Marcas está pronta para analisar seu caso, identificar as classes ideais e conduzir todo o processo com segurança e transparência.
Evite o erro mais comum entre empreendedores: registrar sua marca na classe errada.
Fale com a Move On Marcas e descubra em quais classes sua marca deve ser registrada para garantir uma proteção completa e definitiva no INPI.
Porque proteger sua marca é proteger o seu negócio, e isso começa com a escolha certa.



